Era uma menina cheia de rima e poesia em sua vida e ainda assim vivia amedrontada com a possibilidade do fim.
Se ela queria me confundir, era só me falar de suas aventuras. Se ela queria me enlouquecer, era só me olhar.
Se ela me queria... era só querer.
As coisas em que acreditava, as bobagens que falava, me deixava sem querer mais nada.
Se eu queria mais cor em minha vida, era ela quem misturava as tintas. E eram cores inimagináveis. Toscos e violentos contrastes que só ela sabia harmonizar...
Mas vivia atormentada com a possibilidade do fim. O medo a fazia chorar sem hora nem lugar. O medo a traía, mas jamais ela conseguiu trair seu coração, embora o enganasse sempre.
E por falar em coração, o meu tem as cores que ela escolheu. E se veste com as fantasias que ela confeccionou para mim desde que a angustia pelo fim a consumiu.
Nunca pude beijá-la.
Ela nunca me amou, embora seu coração vestisse as minhas cores.